Num artigo publicado no Media & Learning sobre a inteligência artificial (IA) nas escolas, o autor, Mutlu Cukurova, professor do Learning and Artificial Intelligence, University College London, Reino Unido, apesar do estudo se cingir a escolas dos EAU, tem reflexões que poderão, certamente, abranger todas e quaisquer escolas no mundo que passem a incluir sistemas de IA nos seus programas e metodologias de ensino. Estas conclusões parecem tão reais em Portugal. Ora vejamos:
- Gestão da carga de trabalho: Os professores já estão sobrelotados com tarefas. Portanto, é essencial que essas plataformas de IA não acumulem mais trabalho. Não deveria ser necessário fazer malabarismos entre múltiplas ferramentas ou redefinir as práticas pedagógicas apenas para integrar a IA.
- Confiança e Propriedade: A confiança deve percorrer um longo caminho. É mais provável que os professores utilizem uma ferramenta se acreditarem no seu potencial. Ao envolver os professores no processo de concepção da plataforma e garantir que esta satisfaz as suas necessidades, podemos fomentar a confiança.
- Orientação Profissional: Como acontece com qualquer ferramenta, dominar as plataformas de IA requer alguma orientação. Os professores valorizam o apoio e as oportunidades de desenvolvimento profissional associados a estas ferramentas.
- Facilidade de uso: Ninguém quer lutar com software complicado, inclusive os professores. Quanto mais fáceis forem de usar e integrar essas plataformas na sala de aula, maior será a probabilidade de serem adotadas.
- Percepção de Qualidade: A qualidade percebida da plataforma de IA impacta significativamente sua aceitação. Não se trata apenas de quão sofisticada é a ferramenta, mas de quão eficaz ela é no auxílio ao ensino e à aprendizagem.
- Orquestração da sala de aula: A capacidade de transição fluida entre plataformas de IA e outras atividades pedagógicas é crucial. Os planos de aula que apoiam esta integração podem fazer uma grande diferença.
- Preocupações éticas e de privacidade: Não é surpresa que os professores sejam cautelosos quanto à privacidade de dados. Afinal lidam com crianças e jovens, um grupo etário muito sensível e susceptível de terem os seus dados publicados na Internet, quer ignorância (e inocência), quer por por atrevimento e apelo do risco. Garantir que as plataformas de IA respeitem a privacidade e os padrões éticos não é negociável.