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sexta-feira, janeiro 28, 2011
Livro
Há livros que valem muito a pena serem lidos. Sobretudo se são daqueles em que dizemos "isto poderia ser eu!" ou "isto poderia ter acontecido a mim!". O último do José Luís Peixoto (JLP), é uma obra excepcional, fantástica a todos os níveis. Na minha perspectiva a mistura de ficção com factos reais (pelo que o JLP diz, muitas histórias lhe foram contadas quando criança) acerca da diáspora lusitana para França resulta num romance fantástico que recordarei durante muitos anos.
Vivi a emigração para França, na década de 80, ainda puto. Mas muitas coisas mantiveram-se, não atravessámos a pé as fronteiras, nem pagámos a contrabandistas, mas viajámos de autocarro, muitas vezes em condições... difíceis. Na minha família há imensas histórias desde ficarem bloqueados nos Pirineus, por causa da neve, num Simca com arejamento forçado, até uma viagem de vinte e tal horas com crianças e bebés onde a choradeira e o vomitado era recorrente no banco de trás! Fosse de carro ou camionete (como chamávamos aos autocarros) a merenda era um momento sagrado para os portugueses. As estações de serviço enchiam-se de merendas com chouriças e salpicões, bacalhau em azeite com azeitonas e onde o garafão era rei, fosse nas tables do café fosse na relva num cobertor de lã bruta (aquela que pica). Lembro-se que os choferes espanhós eram os mais simpáticos! Não sei porquê! Mas a malta embirrava um bocado quando eram compatriotas a terem a tarefa de conduzir a camionete Isto dizia-se na central de camionagem quando se sabia quem nos levaria a tão longe destino.
Bom, não falei muito do Livro, mas vale a pena ler.
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